quinta-feira, 7 de junho de 2012

Ultrapassando nossos limites

Rodrigo Drubi
            Inseguranças, medos e incertezas são comuns a qualquer pessoa. O que não é comum é a resposta que cada um resolve dar e como a pessoa vai se relacionar com estas questões. Há pessoas que vão ultrapassar estes conceitos transformando inseguranças em seguranças, transformando medos em atitudes e transformando incertezas em certezas. E há pessoas que se decidem por ter inseguranças, medos e incertezas. Você escolhe qual resposta que vai querer escolher.
            Como fazer isso? Estar presente no mundo, se relacionando com este mundo e ajudando a modificar estas questões de inseguranças, medos e incertezas nas pessoas e em si mesmo. Esse se importar com o outro é muito importante para a autoestima que envolve os dois lados, as duas, ou mais, pessoas que se relacionam.
            A nossa procura pelo ideal faz com que nós nos esqueçamos das nossas fragilidades e de nossas fraquezas. Há uma história sobre um homem que procurava a mulher ideal e saiu pelo mundo à procura dessa mulher. Percorreu muitos lugares do mundo até que encontrou esta mulher, mas não se acertaram, não conseguiram se relacionar, porque ELE não era o homem ideal. Isso vale para as pessoas que ficam sempre nos pensamentos ideais e não-ideais. E quando não ficamos nestes extremos somos capazes de encontrar o ideal no não-ideal. Esta é a grande beleza do viver de cada um. Dentro de todas as limitações, que cada pessoa pode ter, encontramos formas que vão além dessas limitações. Por isso temos de vencer as nossas realidades lembrando que, as vezes, a pessoa aumenta muito a sua realidade.
            Uma outra história: uma pessoa decidiu que mudaria o mundo mas depois de um certo tempo viu que isso era um trabalho enorme. Então resolveu tentar mudar seu País. Também viu que isso era um trabalho enorme. Então tentou mudar a sua cidade, depois o seu bairro e depois a sua casa. Tudo isso eram trabalhos enormes. Então ele decidiu mudar a si mesmo. Com esta mudança ele mudou a sua casa, mudou o seu bairro, mudou a sua cidade, mudou o seu País e mudou o mundo.

            A E.M. é uma doença humanamente desafiadora. É uma doença que mexe com as 'seguranças', com as 'estabilidades', com as 'certezas', com as 'aceitações', com as 'fragilidades' e com a forma de se relacionar de cada pessoa.
            Falar de 'qualidade de vida' é pleonasmo. A vida que não tem qualidade não é vida. Pode ser qualquer outra coisa. Por isso temos que decidir entre o viver ou o não viver. Escreveu Rubem Alves: 'ostra feliz não faz pérola'. A pérola é feita como resposta a um grão de areia que a machuca, a faz sofrer. Ela então transforma o que era algo incômodo em algo liso e belo. Então a relação humana produz pérolas em meio a tantos problemas.  O ato criativo acontece, muitas vezes, de uma dor. Foi o que aconteceu com Beethoven, com Van Gogh, com Nietzsche, com Cecília Meireles, com Fernando Pessoa, entre outros. A vida com qualidade, ou melhor, a vida realmente com vida, acontece em meio a sofrimentos que cabe a nós transformá-los em pérolas. Esse é o grande poder criativo humano.

(texto publicado no livro ‘Projetando...’ editora MultiFoco (RJ) do autor Rodrigo Drubi)

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