segunda-feira, 19 de março de 2012

Texto sobre a palestra de Rodrigo Drubi apresentada em Sorocaba – SP em 17 de março de 2012 na UPEM


TempoS
Rodrigo Drubi

Iniciamos uma discussão sobre o tempo. Palavra bastante empregada por várias áreas do conhecimento. A todo o momento se procura limitá-lo dentro do que se acha defini-lo. A tentativa de se definir algo é uma forma de se dominar esse mesmo algo.

Iniciamos por classificações de tempos (ontem, amanhã e hoje) mostrando que não podemos nos aprisionar em nenhuma destas classificações. São classificações feitas para facilitar a nossa conceituação de como viver. Não podem virar uma prisão para alguém. Para não virarem esta prisão vai depender de quem utiliza estas classificações.

Apresentamos dois componentes onde acontecem os tempos. O EU e o NÓS. Acontecem os tempos dentro das características de cada um de nós e dentro de um contexto social, o NÓS coletivamente.

Para terminar desenvolvemos uma breve conclusão de um tema que não pode ser concluído, somente vivido. O tempo não termina.

Ontem

O ontem se volta aos eventos que já passaram. O nosso hoje é sempre uma continuidade de nossas lembranças. Não é questão de lembranças boas ou ruins. Não podemos nos estagnar nelas. A pessoa não pode ficar apenas nesta situação. Acaba por não se avançar no pensamento sobre o tempo porque já se decidiu ficar em um único tempo apenas.

O ontem é um professor onde se ensina um dos grandes mistérios para as pessoas: ‘fiz a coisa certa?’ A resposta vem pelo resultado do que foi feito. Se a resposta for ‘sim’ ou for ‘não’ vai nortear o que devemos fazer nos próximos dois momentos que serão apresentados: o amanhã e o hoje.

Não podemos ficar presos ao ontem. Nossos professores nos ensinaram e cabe a nós conduzirmos as nossas vidas diante desses ensinamentos. É importante se lembrar do verbo ‘conduzir’ dando a idéia de movimento e evitando a imobilidade.

Amanhã

O amanhã é um tempo que não nos pertence e existe na imaginação de quem pensa a respeito. Pensar excessivamente no amanhã gera inseguranças, medos, euforias e muitos outros sentimentos que conduzem a um jeito de viver distante da realidade.

É necessário ter o futuro como um plano para direcionar o presente.

Hoje

O agora é o tempo que nos pertence. Um segundo antes e um segundo depois fogem do que podemos dominar. Só podemos dominar o exatamente agora. Devemos viver esse tempo para não cairmos OU na lembrança do ontem OU na imaginação do amanhã.

Temos que participar do nosso agora utilizando o aprendizado de nosso ontem e visando a construção de um amanhã dentro de um processo que reflete nossas expectativas.

EU

Cada pessoa tem as suas individualidades próprias e com isso vive o seu tempo da maneira que decidir. É necessário entender que existe o tempo pessoal de cada um e a diferença entre uma pessoa e outra pessoa é que mostra a beleza do tempo que acompanha a cada um.

É importante não querer colocar uma pessoa dentro dos elementos que conceituam a forma de se relacionar de outra pessoa. Hoje existe uma necessidade de se entender que o ‘outro’ tem o direito de ser o ‘outro’ e com isso nunca tentar impedir a individualidade de cada um.

Vive-se um processo dialético conflitivo. Nossas individualidades devem ser vividas e compreendidas também em um ambiente coletivo sem entrar em uma realidade comparativa.

Se evidenciarmos o EU produziremos pessoas presas em seus individualismos que viverão grandes solidões afinal a pessoa faz parte de um mundo que só acontece apenas em seu pensamento.

Dessa forma o EU pode perder o seu apoio em meio a, como disse o artista, pessoas ‘sozinhas na multidão’. 
 
NÓS

Aristóteles escreveu que o ser humano é um ser social. Nossos tempos acontecem em meio a realidades sociais. Não perguntamos se alguém é contra ou a favor disso. Isto é um fato e as pessoas devem participar do convívio social e se não o fizerem poderão perder a sua condição de pessoa.

A psicologia mostrou a necessidade do EU de viver no NÓS. Precisamos sempre do equilíbrio mostrado anteriormente.

O grande desafio é sempre manter este equilíbrio evidenciando as qualidades de cada lado e nunca negar um lado em prol do outro lado.

O desequilíbrio evidenciando o NÓS constrói sociedades que apagam as identidades pessoais. Antes o desequilíbrio produzia solidão agora vai produzir angústia, pois se perde a beleza da grande variabilidade da vida.

Dessa forma o NÓS pode perder o seu apoio desenvolvendo sociedades rígidas, sem mobilidade, que perdem o seu equilíbrio devido à fragilidade da relação comunitária. Neste caso as pessoas ficam apenas exercendo seus contatos coletivos. Esquece-se a individualidade.

O tempo acabou?

O tempo não acaba!

O tempo não termina. É preciso aprender a se relacionar com o tempo. É necessário olhar e viver o presente sem se esquecer do aprendizado que o passado nos trouxe e direcionar nossas ações para um futuro pensado e planejado.

O tempo se apoiará em três pontos: o tempo passado, o tempo futuro e o tempo presente. É necessário o apoio desses três pontos sem se esquecer de nenhum deles ou de não dar maior importância para algum deles sob o risco de a estrutura não suportar, até ‘cair’ e produzir uma compreensão de tempo equivocada e condicionada.