TempoS
Rodrigo
Drubi
Iniciamos
uma discussão sobre o tempo. Palavra bastante empregada por
várias áreas do conhecimento. A todo o momento se
procura limitá-lo dentro do que se acha defini-lo. A tentativa
de se definir algo é uma forma de se dominar esse mesmo algo.
Iniciamos
por classificações de tempos (ontem, amanhã e
hoje) mostrando que não podemos nos aprisionar em nenhuma
destas classificações. São classificações
feitas para facilitar a nossa conceituação de como
viver. Não podem virar uma prisão para alguém.
Para não virarem esta prisão vai depender de quem
utiliza estas classificações.
Apresentamos
dois componentes onde acontecem os tempos. O EU e o NÓS.
Acontecem os tempos dentro das características de cada um de
nós e dentro de um contexto social, o NÓS
coletivamente.
Para
terminar desenvolvemos uma breve conclusão de um tema que não
pode ser concluído, somente vivido. O tempo não
termina.
Ontem
O
ontem se volta aos eventos que já passaram. O nosso hoje é
sempre uma continuidade de nossas lembranças. Não é
questão de lembranças boas ou ruins. Não podemos
nos estagnar nelas. A pessoa não pode ficar apenas nesta
situação. Acaba por não se avançar no
pensamento sobre o tempo porque já se decidiu ficar em um
único tempo apenas.
O
ontem é um professor onde se ensina um dos grandes mistérios
para as pessoas: ‘fiz a coisa certa?’ A resposta vem pelo
resultado do que foi feito. Se a resposta for ‘sim’ ou for ‘não’
vai nortear o que devemos fazer nos próximos dois momentos que
serão apresentados: o amanhã e o hoje.
Não
podemos ficar presos ao ontem. Nossos professores nos ensinaram e
cabe a nós conduzirmos as nossas vidas diante desses
ensinamentos. É importante se lembrar do verbo ‘conduzir’
dando a idéia de movimento e evitando a imobilidade.
Amanhã
O
amanhã é um tempo que não nos pertence e existe
na imaginação de quem pensa a respeito. Pensar
excessivamente no amanhã gera inseguranças, medos,
euforias e muitos outros sentimentos que conduzem a um jeito de viver
distante da realidade.
É
necessário ter o futuro como um plano para direcionar o
presente.
Hoje
O
agora é o tempo que nos pertence. Um segundo antes e um
segundo depois fogem do que podemos dominar. Só podemos
dominar o exatamente agora. Devemos viver esse tempo para não
cairmos OU na lembrança do ontem OU na imaginação
do amanhã.
Temos
que participar do nosso agora utilizando o aprendizado de nosso ontem
e visando a construção de um amanhã dentro de um
processo que reflete nossas expectativas.
EU
Cada
pessoa tem as suas individualidades próprias e com isso vive o
seu tempo da maneira que decidir. É necessário entender
que existe o tempo pessoal de cada um e a diferença entre uma
pessoa e outra pessoa é que mostra a beleza do tempo que
acompanha a cada um.
É
importante não querer colocar uma pessoa dentro dos elementos
que conceituam a forma de se relacionar de outra pessoa. Hoje existe
uma necessidade de se entender que o ‘outro’ tem o direito de ser
o ‘outro’ e com isso nunca tentar impedir a individualidade de
cada um.
Vive-se
um processo dialético conflitivo. Nossas individualidades
devem ser vividas e compreendidas também em um ambiente
coletivo sem entrar em uma realidade comparativa.
Se
evidenciarmos o EU produziremos pessoas presas em seus
individualismos que viverão grandes solidões afinal a
pessoa faz parte de um mundo que só acontece apenas em seu
pensamento.
Dessa
forma o EU pode perder o seu apoio em meio a, como disse o artista,
pessoas ‘sozinhas na multidão’.
NÓS
Aristóteles
escreveu que o ser humano é um ser social. Nossos tempos
acontecem em meio a realidades sociais. Não perguntamos se
alguém é contra ou a favor disso. Isto é um fato
e as pessoas devem participar do convívio social e se não
o fizerem poderão perder a sua condição de
pessoa.
A
psicologia mostrou a necessidade do EU de viver no NÓS.
Precisamos sempre do equilíbrio mostrado anteriormente.
O
grande desafio é sempre manter este equilíbrio
evidenciando as qualidades de cada lado e nunca negar um lado em prol
do outro lado.
O
desequilíbrio evidenciando o NÓS constrói
sociedades que apagam as identidades pessoais. Antes o desequilíbrio
produzia solidão agora vai produzir angústia, pois se
perde a beleza da grande variabilidade da vida.
Dessa
forma o NÓS pode perder o seu apoio desenvolvendo sociedades
rígidas, sem mobilidade, que perdem o seu equilíbrio
devido à fragilidade da relação comunitária.
Neste caso as pessoas ficam apenas exercendo seus contatos coletivos.
Esquece-se a individualidade.
O
tempo acabou?
O
tempo não acaba!
O
tempo não termina. É preciso aprender a se relacionar
com o tempo. É necessário olhar e viver o presente sem
se esquecer do aprendizado que o passado nos trouxe e direcionar
nossas ações para um futuro pensado e planejado.
O
tempo se apoiará em três pontos: o tempo passado, o
tempo futuro e o tempo presente. É necessário o apoio
desses três pontos sem se esquecer de nenhum deles ou de não
dar maior importância para algum deles sob o risco de a
estrutura não suportar, até ‘cair’ e produzir uma
compreensão de tempo equivocada e condicionada.